Fisioterapia Respiratória - Fazer ou não fazer?
Atualizado: 18 de jul. de 2024

Eis a questão: Aqui, não pretendo outra coisa que simples reflexão.
Longe de tentar dizer que um sistema ou órgão do corpo humano é mais importante que o outro, pois acredito e já escrevi por aí que o ser humano é único e irrepetível mas "uno", no sentindo de uma engenhosa máquina de múltiplas partes interligadas e interdependentes,
Hoje gostaria de falar um pouco, sobre a respiração, algo essencial que fazemos na infinita maioria das vezes sem perceber, e embora esteja presente na minha vida, como fator decisivo para que escolhesse ser fisioterapeuta e também embora tenha sido a primeira área pela qual me apaixonei quando acadêmica e minha primeira área de trabalho como fisioterapeuta, e até hoje conceitos e técnicas de fisiologia pulmonar e fisioterapia respiratória terem participação e atenção plena em meus estudos e todos os meus atendimentos, escrevo pouco a respeito.
Aqui peço um a parte, para dividir uma das muitas recordações dos tempos de acadêmica e estagiária do serviço de pneumologia da Policlinica Geral do Rio de Janeiro, coordenada então, pelo querido amigo de meu pai, meu pneumologista, meu mestre Dr. Tarantino no lançamento de um dos seus livros. Esse cara era um dos magos da pneumologia, estetoscópio era para os fracos, brincadeira, mas que em alguns momentos fazia a ausculta com o ouvido direto no tórax, é verdade.

Voltando para o presente, todos concordamos que respirar é fundamental, afinal através da respiração nossos tecidos tem acesso à um dos néctares da vida: o oxigênio.
Tão logo deixamos o ventre materno, nossos pequeno corpo é incumbido de trabalhar por nosso próprio oxigênio, e dele dependemos para viver. Por conseguinte, concordamos que o bom funcionamento do sistema respiratório é um ponto chave para a qualidade de vida, certo?
Verdade também, que para o nosso corpo, patologias (asma, alergias,infecções, etc), traumatismos (fraturas, pneumotórax, dor, etc) ou o nosso companheiro de jornada, o tempo, são fatores que promovem alterações no sistema respiratório que podem dificultar o processo de respiração.
O envelhecimento por si só, leva a alterações como perda de elasticidade e complacência da parede da caixa torácica, que levam a um aumento do trabalho respiratório, do volume residual e da capacidade residual funcional.
Nossos álveolos tendem a ficarem mais fechados pela atrofia e perda da elasticidade; também ocorre a degeneração do epitélio brônquico e das glândulas mucosas prejudicando a eficiência de mecanismos de proteção e limpeza. Sem falar na osteoporose que pode afetar a vétebras e costelas, gerando alterações posturais, dor e rigidez da caixa torácica; além da redução da elasticidade, calcificação das cartilagens costais (lá se foi o movimento de alça de balde das costelas), diminuição dos discos intervertebrais, e ainda vem a fraqueza muscular, sarcopenia, neste caso falo especialmente dos músculos da respiração, da deglutição, da tosse, e os posturais. Sim os posturais, você pode não estar consciente disso, mas a postura é fundamental para respiração, alterações posturais podem afetar diretamente os pulmões, a posição da cabeça e a deglutição e uma deglutição ruim pode ser o estopim para uma pneumonia por broncoaspiração maciça ou micro broncoaspirações, por exemplo.
Isso falando de um ambiente sem agentes nefastos como o cigarro, nem as inúmeras doenças que afetam direta ou indiretamente o sistema respiratório, ok?!
E apesar de escrever sobre alguns aspectos de envelhecimento, problemas no sistema respiratório ocorrem em qualquer idade, até em recém nascidos, que podem aspirar mecônio (fezes dele próprio) ou pré maturos que podem ainda não produzir surfactante, substância que mantem os álveolos abertos.
Calma! Existem muitas circunstâncias que podem prejudicar o sistema respiratório fragilizando qualquer um, mas existe luz nesse túnel e se chama fisioterapia.
Através da fisioterapia respiratória, é possível facilitar a expectoração de secreções pulmonares, treinar e facilitar a tosse, fortalecer os músculos da respiração, expandir os pulmões, melhorar volumes e capacidade pulmonares, melhorar disfunções posturais, proporcionar o recondicionamento físico, melhorar performance...
O que me fez lembrar Shakespeare quando ele escreve em um de seus sonetos:
"...E crua guerra contra o Tempo enfrento,
Pois tudo que ele te toma eu te acrescento."
Esse é o papel da fisioterapia, que sem pretensões "shakespearianas", tem o objetivo de promover saúde e qualidade de vida em qualquer idade, combatendo na guerra pela vida os efeitos deletérios do tempo e das patologias.
Fato é que com Shakespeare e Fisioterapia a vida é muito melhor, não é?!
Carpe diem,
C.
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