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Neuroma de Morton: existe um protocolo de fisioterapia para ele?

Foto do escritor: Cátia de SouzaCátia de Souza


Fisioterapia - neuroma de Morton
Fisioterapia - neuroma de Morton

Imaginem esse contexto:


Você é uma entusiasta do esporte. Correr é sua paixão, uma atividade que a faz sentir-se livre e revigorada.


Cada passo era uma jornada de autodescoberta e superação. No entanto, em um belo dia de corrida, algo mudou. Enquanto você se esforçava para alcançar seus objetivos na pista, uma dor aguda e persistente começou a surgir na base de seus dedos do pé. Inicialmente, você tenta ignorá-la, atribuindo-a ao cansaço ou ao esforço excessivo. Mas conforme os dias passavam, a dor só piora, transformando sua amada atividade em um verdadeiro desafio.


A dor começa a não se limitar apenas às corridas. Atividades cotidianas como caminhar, subir escadas e até mesmo calçar seus sapatos favoritos se tornaram torturantes. Cada passo é acompanhado por uma sensação de ardência e formigamento, como se estivesse caminhando sobre brasas.


A frustração cresce a cada dia que passa. Você consulta diversos especialistas em busca de respostas, mas as opiniões são divergentes e nenhum tratamento parece oferecer alívio duradouro. Sua paixão pela corrida está sendo substituída pela angústia da incerteza e da dor constante.


Determinada a recuperar sua qualidade de vida, você embarca em uma jornada de autodescoberta e busca por respostas. Seu objetivo não é apenas encontrar alívio para sua dor, mas também entender a causa subjacente de seus sintomas. É uma jornada repleta de desafios e obstáculos, mas você está determinada a superá-los e voltar a correr livremente pelos caminhos da vida..


Dor na base de um ou mais dedos do pé, anestesia, formigamento, alteração do movimento dos dedos, sensação de andar pisando em uma bola...

Esses são alguns dos primeiros relatos mais comuns de quem chega ao consultório com neuroma de Morton,


Em geral são praticantes de esportes, de alto impacto, tem ou não alterações nas fases de apoio ou impulso da marcha, mulheres de meia idade e algum sobrepeso.


Mas afinal, o que é o neuroma de Morton?


O neuroma de Morton é uma neuropatia dolorosa devido a uma aumento benigno do nervo digital plantar comum, em especial entre o 3º e 4º dedos ou 2º e 3º dedos, na região dos metatarsos.


E qual é a causa do neuroma de Morton?!


Não sabemos ao certo.

Originalmente a teoria proposta foi da isquemia e compressão neural mecânica nervo plantar contra o ligamento intermetatarsal transverso, e pela tração repetitiva sob o ligamento metatarso transverso profundo, levando ao crescimento excessivo de fibra epineural e perineural, resultando em um nervo significativamente aumentado, mas existem outras teorias como inflamação devido à bursite intermetatarsal e trauma repetitivo.


Então, como é o tratamento do neuroma de Morton?


Embora não seja uma condição rara, na verdade para alguns autores é a segunda neuropatia compressiva mais comum, ficando atrás apenas da síndrome do túnel do carpo; existem poucas evidências cientificas a respeito do tratamento e principalmente, boas evidências, em especial e infelizmente, sobre a abordagem da fisioterapia.


A revisão Cochrane mais recente agora de fevereiro de 2024, sequer incluiu a fisioterapia, pois os estudos que investigaram tratamentos, como órteses para os pés, mobilização da parte anterior do pé e neurólise cirúrgica, não foram incluídos devido a restrições nos critérios de inclusão., ou seja por falta de evidências compatíveis com os critérios para o estudo; e propôs melhores desenhos metodológicos, para chegar a conclusões mais precisas. Ela aponta ainda que os resultados sugerem que a infiltração de corticosteroides e anestésico local pode ter pouco ou nenhum efeito na dor ou função em comparação com a infiltração de anestésico local apenas. No entanto, a infiltração guiada por ultrassom pode reduzir a dor e aumentar a função em comparação com a infiltração não guiada por ultrassom. Provavelmente reduzindo a dor e aumentando a função aos seis meses, com moderada certeza, e podendo aumentar a satisfação de três a seis meses, mas há incerteza sobre o número de infiltrações necessárias para alcançar esse efeito e quando essas abordagens falham a cirurgia por via dorsal (corte no peito do pé), traz bons resultados.


De forma geral os possíveis tratamentos não cirúrgicos são:

  • Uso de palmilhas

  • Terapia manual para mobilização articular e de tecidos moles;

  • Terapias por ondas de choque;

  • Radiofreqüência

  • Infiltrações de corticóides e anestésicos locais

Enquanto que os cirúrgicos são:

  • Neurectomia - remoção do neuroma,

  • Neurolise - liberação da compressão do nervo,


Bom mas e a fisioterapia? Como atua no tratamento do neuroma de Morton?


Como já disseram por aí: "ausência de evidência não é evidência de ausência", e nós reles consumidores da ciência esperamos ansiosos pelas boas evidências, mas enquanto isso, usamos do bom e velho raciocínio clínico.


Podemos começar nossa linha de pensamento assim: se 33% dos neuromas dos nervos plantares digitais comuns, são assintomáticos e considerados achados radiológicos, por que alguns são ou se tornam sintomáticos? Estudos radiológicos mostraram que os neuromas de Morton sintomáticos são maiores que os assintomáticos, não apresentando qualquer diferença histológica entre eles. O que poderia ocasionar esse aumento de tamanho?


  • Alterações mecânicas no pé e tornozelo, como fraquezas musculares, restrições articulares, encurtamentos musculares, deformidades como pé cavo e pé chato, joanetes (hálux valgo é considerado um fator de predisposição para o neuroma de Morton),

  • Calosidades,

  • Alterações na marcha em especial nas fases de apoio inicial, resposta à carga, médio apoio e apoio terminal, seja de forma inconsciente e adaptativa devido a comportamentos motores disfuncionais como em uma paciente recente que mencionou que um professor orientou que a forma correta de pisar era com a borda externa do pé, então a fase de apoio inicial é bem reduzida e praticamente não existe apoio do calcanhar, da borda interna e primeiro dedo nas fases seguintes (ouch),

  • Alterações posturais que levem alteração do centro de gravidade, como aumento de peso corporal, envelhecimento,

  • Stress mecânico prolongado, como ao usar sapatos mais estreitos no antepé como os de bico fino, os que promovem o apoio no antepé como os de salto alto, esportes como corrida, vôlei, basquete, entre outros;

E como a fisioterapia pode contribuir para aliviar os sintomas do neuroma de Morton?

Para começar precisamos rastrear pistas de possíveis causas ou fatores que possam estar contribuindo para sobrecarregar a região do antepé e potencializar a dor, o que acontece durante a avaliação, onde traçamos um plano de tratamento único e específico para cada caso, e a partir daí orientamos alguns cuidados como:

  • mudança de sapatos,

  • uso de almofadas plantares ou palmilhas personalizadas,

  • indicação de órteses,

  • o tratamento de disfunções específicas encontradas na avaliação, com recursos personalizados, como técnicas de fortalecimento e alongamento muscular, controle motor, treinamos gestual de marcha e corrida, ajustes posturais, mobilizações articulares, mobilizações neurais, liberação miofascial, aliados a recursos analgésicos e anti-inflamatórios:

  • Termoterapia em especial a crioterapia,

  • Laserterapia,

  • Eletroterapia.

Apesar de todos os esforços, fisioterapia, infiltrações com corticóides, e anestésicos e medicações via oral, alguns neuromas não respondem de forma positiva ao tratamento gerando incapacidade física, ganho de peso, depressão, e nesses casos a melhor opção é a cirurgia.


Respondendo à pergunta inicial: até o momento não existe um protocolo de fisioterapia para o tratamento o neuroma de Morton validado cientificamente, mas existem abordagens personalizadas e individualizadas baseadas em raciocínio clínico, nas evidências científicas disponíveis e em experiência clínica.


Sei o quanto um neuroma de Morton pode impactar a sua vida.


Apesar dos desafios apresentados pelo neuroma de Morton, é importante lembrar que há esperança e soluções disponíveis para ajudá-los a recuperar sua qualidade de vida e mobilidade. Com o apoio adequado de profissionais de saúde, como fisioterapeutas e ortopedistas especializados, juntamente com a sua determinação, é possível superar os obstáculos impostos por essa condição. Cada passo na jornada de tratamento é um passo em direção à cura e ao retorno a uma vida ativa e sem dor. Portanto, não desanime - o caminho para a recuperação pode ser desafiador, mas com o apoio certo, é possível alcançar um futuro repleto de esperança e bem-estar.


A fisioterapia é o seu grande guia no caminho de uma vida com menos dor e mais movimento..


Agende já a sua avaliação!


Carpe diem,


C.


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